É difícil
explicar para quem não tem o sangue Vêneto correndo nas veias (e
mesmo entre os que o tem, muitos já não entendem) o meu amor e
o de nossa família pela terra. Não tem nada a ver com o lado financeiro,
é sim um profundo sentimento.
Vou contar um pouco sobre minha família especificamente:
Meu Bisavô (Antonio)
chegou ao Brasil com 05 anos e seu pai (Giovanni) com 34, em 23/12/1887.
Segundo as histórias contadas pelo meu avô Pedro Rosolen e seus
irmãos (as tias Nena e Auzília e o tio Isidoro), eles e mais várias
famílias de imigrantes Italianos trabalharam numa fazenda em Araras-SP
por 10 anos até conseguirem comprar o que hoje é o bairro rural
Boa Vista, em Pirassununga, de um alemão, e levaram 20 anos p/ pagar.
O Pai de meu Bisavô (Giovanni ) era o "médico" de toda a Colônia,
sendo que sua fama se espalhou pela região, vindo gente de vários
lugares até sua casa, para que ele ajudasse nos problemas de saúde
e para "pôr no lugar" fraturas de braços e pernas, serviço
que inclusive meu avô ajudava quando ele era novo.
Com o crescimento dos filhos, a grande fazenda original foi sendo repartida
entre eles, se transformou em vários sítios.
O sítio São Judas Tadeu (de meu avô) foi o local onde todos
os seus filhos nasceram (meus tios e minha mãe), e lá trabalharam
até se casarem.
Eu nasci em Pirassununga, na cidade (mas infelizmente sempre morei aqui em São
Paulo), e muitos dos momentos e lembranças que me são mais importantes
foram vividos naquele pedaço do paraíso.
Até hoje é difícil para mim lembrar todos aqueles momentos
simples e inigualáveis, de uma paz e tranquilidade total que só
lá eu sentia, sem me dar um nó na garganta. Falar de tudo isso
então, de todas as emoções e doces recordações
que lá vivi, por muito pouco não me leva às lágrimas...
Esse lugar que para todos nós significava e significa tanto, teve que
ser vendido, devido às dificuldades que somente aumentavam.
E ninguém poderá nunca imaginar como aquele pequeno e simples
pedaço de terra era importante em nossas vidas, lá existia quase
100 anos de história de nossa família, lá estava nossa
identidade, nosso refúgio deste mundo louco, um lugar onde se vivia a
tão almejada paz de espírito, podia-se sentir mais próximo
do Criador.
Mas pelo menos, toda essa dor me deu uma meta especial: Trabalhar o bastante para conseguir ter de novo esse pedaço de nossas vidas de volta.
Quer conhecer um pouco desse nosso tão amado lugar?
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Anderson